domingo, outubro 01, 2017

Ex-Bahia, Jair rejeita aposentadoria e disputará Intermunicipal



Aos 35 anos, o volante Jair, revelado pelo tricolor, não está aposentado, e quer que toda a Bahia saiba disso. Neste domingo (1º), ele estreia no Intermunicipal pela Seleção de Santo Antônio de Jesus, no recôncavo baiano, e espera chamar a atenção de algum time para o campeonato estadual do ano que vem.
“Estou encarando como um preparativo. Quero manter a forma até o final do ano e quem sabe receber uma proposta de algum time para o Baianão. Vamos lutar para ser campeões aqui. O trabalho é para chegar”, garante o atleta.
O problema para Jair é que o confronto, pela 3ª fase do Intermunicipal, é eliminatório. Se perder para São Desidério nos dois jogos, Santo Antônio de Jesus será eliminada. O duelo de ida, às 15h, será na cidade do recôncavo baiano.
Sem time desde 2015, quando esteve no Jacobina, Jair vinha mantendo a forma em ‘babas’ que disputa com amigos de Bahia e Vitória. “É o baba do AGAP (Associação de Garantia ao Atleta Profissional), com Marcelo Ramos, Uéslei, Bebeto Campos, Valdomiro, Mendes... Anacleto (outro ex-jogador) perguntou se queria vir jogar aqui em Santo Antônio de Jesus. Conheci as pessoas daqui e aceitei a ideia”, explicou.
Não será a primeira experiência dele no torneio. “Eu era diretor de esportes em Itaparica (onde nasceu) em 2013, quando o prefeito de Vera Cruz me pediu para fazer uns jogos por lá. Fiz quatro partidas”, lembra. A seleção foi eliminada na primeira fase.
O volante admite que já estava pensando em anunciar a aposentadoria: “eu ia tomar o curso de treinador pelo AGAP. Cheguei a conversar com o Galícia, que me disponibilizou o campo do Parque Santiago para fundar uma escolinha. Queria movimentar aquela meninada da Polêmica (comunidade próxima a Brotas)”.
Nos tempos em que defendia a dupla Ba-Vi, Jair morava em Villas do Atlântico. Agora, mora nas imediações do Parque Santiago, na casa em que a esposa morava antes da fama. Por isso, a ideia do volante de criar a escolinha lá.
“Na verdade, ainda estou com esse projeto na cabeça. Mas conversei com Aderval Lopes (presidente da liga santo-antoniense) e ele me convenceu de que valia a pena insistir no futebol. E agora acho que dá para jogar por mais três ou quatro anos”, completou.
Carreira derrapada
Jair foi lançado no time profissional do Bahia em 2001, ao lado de Daniel Alves. Pelo destaque, chegou à seleção brasileira olímpica em 2003, onde fez meio-campo ao lado de Kaká e Júlio Baptista. No Vitória, jogou com David Luiz, Wallace e Marcelo Moreno. No Bragantino, seu último time de expressão, deixava Paulinho, da seleção de Tite, no banco de reservas.
“Quando voltei da seleção, recebi proposta do Kashima Antlers (Japão) de 2 milhões de dólares e o Bahia não me liberou. Lembro de Marcelo Guimarães (então presidente tricolor) dizendo que era pra eu jogar mais um Brasileiro, que valorizaria ainda mais. Na mesma época venderam Daniel por 800 mil euros. Ou seja, eu era considerado mais promessa que ele”, conta.
Dois fatores tiraram Jair do mesmo caminho dos colegas: de início, as repetidas lesões. Rompeu duas vezes os ligamentos do joelho, a primeira assim que retornou da seleção olímpica. Depois, e por consequência, a depressão, o vício no álcool e até o uso de drogas. Em 2009, o volante foi pego no doping por uso de cocaína. Foi suspenso por 120 dias, mas nunca retomou a boa fase.
“Quando machuquei pela segunda vez, perdi todas as esperanças. Voltei pra Itaparica e bebi muito nesse tempo. Aí foi ladeira abaixo. Depois, em São Paulo, eu caí no doping”, reconhece, mais maduro.
“Tudo isso passou, minha vida está mudada. Hoje sou evangélico e me livrei de todo esse mal aí. Tenho quatro filhos, a idade estava chegando e percerbi que não podia continuar nesse erro. Minha esposa é evangélica, decidi me converter também”, completa.
Na torcida do Bahia
Mesmo livre dos vícios, Jair reclama que as oportunidades sumiram após o doping. Era como se o caso tivesse lhe marcado para sempre.
“Fiquei muito tempo parado, por isso procurei o Intermunicipal (em 2013, por Vera Cruz). Só apareceu depois de uma matéria comigo no Globo Esporte, no início de 2015. O pastor Manassés (hoje deputado estadual e então dirigente) se interessou por minha história e me deu uma chance no Jacobina”, conta.
No Jegue, apesar da expectativa com que foi contratado, Jair não entrou em campo.
Ciente de que não voltará a disputar uma Série A novamente, resta a Jair torcer pelo tricolor, seu clube do coração, e apoiar os amigos que um dia dividiram o campo com ele e que agora são mais famosos.
O volante conta que ainda vai à Fonte Nova com frequência, e que apoiou a decisão da diretoria do Bahia de efetivar o ex-colega Preto Casagrande.
“Claro! Ele conhece como ninguém o campo. Os jogadores gostam dele. Mas Preto na época de atleta era resenha, viu? Não achava que ia virar treinador, não. Ele tá cheio de postos de gasolina pela cidade, se virou treinador é porque está determinado”, diz.
Outro que faz Jair lembrar dos velhos tempos é o lateral direito Daniel Alves: “eu perdi o número dele de celular... Por isso paramos de nos falar”, lamenta. “Encontrei ele pela última vez em Pituaçu, quando a seleção brasileira veio enfrentar o Peru aqui. Fui ao treino deles e Daniel me reconheceu. É um cara especial”.
Para Jair, o sonho de voltar a brilhar em campo não acabou: “conheço muitos atletas que fazem essa ‘reversão’ (deixam o profissional para disputar o Intermunicipal). Eu sou mais um deles. Se Deus quiser, vamos fazer história aqui e as portas vão se abrir para mim de novo. Assim como abriram aqui em Santo Antônio”.

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