quarta-feira, novembro 09, 2016

'Estou vacinada', escreve juíza condenada por trocar favores com traficante



"Dia 08 de novembro, dia do Perdão. Os humilhados serão exaltados". Horas após o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) condenar a juíza baiana Olga Regina de Souza Santiago Guimarães, nesta terça-feira (8), à aposentadoria compulsória por envolvimento com o narcotraficante colombiano Gustavo Duran Batista, a magistrada postou a frase acima em sua página pessoal no Facebook. 
A frase foi publicada às 21h02 desta terça-feira (8), acompanhada de mais duas publicações: "Estou vacinada. Força, fé, Coragem e Determinação", às 20h59, e mais tarde, às 23h03, uma imagem com a frase "Mesmo se caírem as folhas, Deus é capaz de garantir o espetáculo!".
              
Também no Facebook, amigos demonstraram apoio à juíza, condenada por receber dinheiro e trocar favores com o traficante. Segundo o CNJ, as relações entre a Olga Regina e Gustavo Duran começaram em 2001, quando ela o inocentou em uma ação criminal depois de ele ter sido preso em flagrante por tráfico de drogas. A defesa da juíza vai recorrer da decisão. 
A juíza já havia sido afastada das atividades desde a abertura de um processo na justiça baiana em que ela é acusada de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em 2008. Depois, ela foi aposentada por invalidez. Agora que recebeu a pena máxima prevista na Lei Orgânica da Magistratura (Loman), o valor do benefício será revisado proporcionalmente ao tempo de serviço. Olga Regina começou as atividades em 1989, na Comarca de Santa Inês.
O último registro de salário para a juíza na página do Sistema de Remuneração do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) é de abril de 2014, quando ela recebeu o salário bruto de R$ 25.438,40 - R$ 24.728,40 de remuneração paradigma e R$ 710 em indenizações. Na ocasião, ela era lotada na 47ª Vara de Substituições de Salvador.
Livro
Em janeiro de 2012, a juíza Olga Regina lançou o livro "O preço amargo da Calúnia", na Livraria Saraiva do Shopping Barra. Na autobiografia, ela fala sobre as acusações e o afastamento das atividades e cita o episódio em que recebeu uvas de presente do narcotraficante Gustavo Duran.
Segundo o CNJ, a Polícia Federal interceptou conversas entre a juíza e o traficante. Em um dos diálogos, ela diz a Gustavo: "Obrigada pelas uvas, estavam maravilhosas". Em 2012, quando foi lançar o livro em Juazeiro, onde trabalhou na Vara Criminal, Olga Regina disse a um veículo de comunicação local que recebeu as uvas enviadas por Gustavo por intermédio do ex-marido, que sempre ia a Juazeiro para visitar uma amante - fato até então desconhecido pela juíza.
"Daí, o Bautista [Gustavo Bautista, acusado de tráfico] mandou umas caixas de uva de presente e ele chegou em casa. Eu levei até ao fórum, o pessoal inclusive de Cruz das Almas experimentou as uvas. A Polícia Federal em um dos grampos, ouviu eu agradecer a uva e disse que não era uva, era cocaína e eu estava falando em códigos. Aí foi toda a celeuma de televisão, de jornal até que vasculharam minha vida toda, quebraram sigilo fiscal, bancário, telefônico, tudo", disse a juíza, na ocasião, ao portal de notícias Gazzeta, de Juazeiro.
No livro, a juíza diz que acreditava que Gustavo era um empresário da fruticultura. Ela diz ainda que o ex-governador Jaques Wagner (PT), quando ainda era candidato ao governo da Bahia, em 2002, viajou num avião do traficante, mas aponta que nem ela, nem o então candidato sabiam da condição de Gustavo Duran. "Porque eu tenho certeza que os políticos, como eu e meu ex-marido, não sabíamos que este homem era traficante. A falha deles foi a minha, todos acreditavam que se tratava de um grande empresário da fruticultura", diz trecho.
(Foto: Reprodução/Facebook)

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