segunda-feira, novembro 14, 2016

Valdir Cabeleireiro começou carreira em 1986, debaixo de árvore e na porta de casa



O famoso cabeleireiro Valdir Macário, 45 anos, também era formado em Moda. Mas a carreira no ramo da beleza começou bem antes da formação acadêmica, em 1986, quando ele cortava o cabelo de amigos e vizinhos na porta de casa, na Travessa Manoel Faustino - o Manguinho, no Engenho Velho de Brotas. Amigos contam que Valdir, que foi assassinado dentro do próprio salão, no último sábado (12), chegou a cortar cabelos de clientes embaixo de uma árvore.
“No começo, a gente sentava numa bobina de enrolar fio e ele cortava ali mesmo”, lembrou uma cliente. A dedicação dos Macários ao salão foi em homenagem à matriarca, Aída, mãe de oito filhos. No site do salão, a história do empreendimento se perde com a de dona Aída, “mulher com alma de rainha africana que espalhava, desde muito cedo entre os filhos e filhas, a importância de se alcançar a independência financeira, o poder, a união e a solidariedade conservando a dignidade e a simplicidade”. 
Quando o negócio começou a dar certo, Valdir alugou um quartinho na mesma rua onde morava. O espaço ficou pequeno e ele mudou para uma sala na Avenida Vasco da Gama. Como o trabalho ganhou repercussão, ele comprou o prédio onde funciona a atual sede. Hoje, cerca de 15 pessoas trabalham  do salão. “A maioria dos funcionários é da família. Ele dava oportunidade de trabalho para todas as pessoas que podia. Conseguiu tudo através do seu esforço, não era envolvido com nada de errado”, contou um ex-funcionário.
Além de cabeleireiro, Valdir era formado em Moda pela FTC. Na tarde do último domingo (13), ele foi homenageado na II Marcha do Empoderamento Crespo, que aconteceu entre o Campo Grande e a Praça Castro Alves. “Nós, mulheres negras, precisávamos de alguém do nível de Valdir para levantar a nossa autoestima. Ninguém chegava naquele salão com um problema sem sair de lá com ele resolvido. Valdir veio ao mundo com esse dom”, disse a amiga e cliente Jacira Sacramento de Santana, 57 anos, pedagoga.
Além de amigos, familiares e clientes saudosos, Valdir deixou esposa e dois filhos: um menino de cinco anos e uma menina de dois. Na saída do cemitério, o pequeno João se declarou: “Te amo, papai!”, disse, nos ombros de um tio.
Correios

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