segunda-feira, agosto 12, 2024

Corpo fica quatro dias no DPT por falta de doação de caixão; SEDESO emite nota

“Eu teria que desembolsar R$ 2 mil para comprar um caixão”, afirma mãe de jovem morto

Rosana de Jesus, de 50 anos, fez uma denúncia na rádio Subaé contra a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEDESO), responsável pela liberação de urnas funerárias para pessoas carentes, órgão vinculado à Prefeitura Municipal de Feira de Santana.

A dona de casa relatou à reportagem do programa Subaé Notícias que o corpo de seu filho, João Victor de Jesus da Silva, de 20 anos, permaneceu por quatro dias no Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Segundo ela, a falta de doação de um caixão impossibilitou a liberação do corpo de seu filho. Ainda conforme o relato, somente na semana passada, dia 6 de agosto, após a intervenção de uma pessoa que comercializa urnas funerárias no município, foi possível realizar o sepultamento.

“Eu fiquei à espera de um caixão. Quando cheguei à Prefeitura, onde davam caixão grátis, me informaram que agora mudou. Disseram que antes era gratuito, mas agora eu teria que desembolsar R$ 2 mil para comprar um caixão e, depois, seria reembolsada, e que não estavam mais dando caixão de graça”, explicou Rosana ao repórter Denivaldo Costa.

Questionada sobre quem a ajudou a sepultar seu filho, ela respondeu rapidamente: “Foi um rapaz de uma funerária, que conseguiu isso para mim. Ele levou o caixão, foi buscar e me levou ao cemitério”.

Em meio ao desabafo, Rosana expressou sua dor e indignação: “Eu me senti como um cachorro, pois a gente joga no buraco e enterra. Eu me senti um lixo. Quando cheguei na Prefeitura e eles me informaram disso, me senti um nada, me senti ninguém. Eu sei que é direito deles doar caixão para quem não tem condição. Quando disseram que era R$ 2 mil naquele momento, me senti humilhada”, desabafou Rosana, que agora reside em outro município.
A mãe da vítima criticou a postura das autoridades: “Eles poderiam ter vergonha e mais responsabilidade com o ser humano. Se fosse a família deles, garanto que não passariam pelo que eu passei. Eu me senti humilhada. Queria que eles olhassem mais para o ser humano, pois se hoje estão lá em cima, devem isso ao ser humano”, declarou emocionada.

Durante a entrevista, ela reafirmou várias vezes a cobrança para liberar o caixão: “R$ 2 mil pela Prefeitura, para depois me reembolsarem. Mas como, se eu não tenho nem para comer? Eu vivia às custas do meu filho. Ele era quem me ajudava. Agora estou acordando e não tenho o que tomar de café. Acreditem em Deus, quem me ajudava era meu filho, pois eu vivo do Bolsa Família”, lamentou.

A dona de casa também contestou as acusações feitas contra seu filho, declarando que ele nunca roubou no município, já as forças de segurança, apresentaram um boletim de ocorrência classificando a morte do jovem como auto de resistência (troca de tiros).

Nota de Esclarecimento – SEDESO

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (SEDESO) informa que aderiu ao sistema que está presente em todo o Brasil, em duas modalidades, onde um parente de primeiro grau pode, por meio do benefício, solicitar o pagamento da urna, translado e coroa de flores, sendo o valor restituído posteriormente. Essa restituição é realizada nas terças e quintas-feiras. Quando o parente de primeiro grau não possui a verba referente à urna, ele assina uma procuração autorizando a prefeitura a ressarcir diretamente a funerária.

É importante frisar que essa decisão foi tomada em acordo com as famílias, como uma melhoria para a população. A Secretaria ressalta que já foram realizados 163 benefícios de sepultamento.

A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social está com o credenciamento aberto para as empresas prestadoras de serviços funerários que quiserem aderir ao sistema, facilitando a escolha e oferta para os beneficiários dos serviços. As empresas interessadas que quiserem tirar dúvidas podem procurar a SEDESO.

Com informações do programa Subaé Notícias e foto do Blog Central de Polícia

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