Uma confusão na praça do São Benedito, em Santo Antônio de Jesus, no último domingo (06), acabou com seis pessoas baleadas. sendo cinco atingidas no pé ou nas pernas, sem risco de morte, e um atingido na cabeça. Kaique Bispo, de apenas 18 anos, foi uma das vítimas da confusão. Ele foi alvejado na cabeça e socorrido ao Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus (HRSAJ), mas não resistiu aos ferimentos e morreu na última terça-feira (08). A polícia informou que a briga estaria relacionada ao tráfico de drogas e disputas por pontos na cidade. Entretanto, a família de Kaique afirma que ele não estava envolvido com o crime, gerando revolta na comunidade local. A mãe da vítima se manifestou, pedindo que a população não espalhe informações falsas sobre o caso.
Moradores da cidade têm cobrado ações mais firmes por parte das autoridades para melhorar a segurança na cidade e prevenir tragédias como a que vitimou Kaique.
“CHEGA DE VIOLÊNCIA EM SANTO ANTÔNIO DE JESUS!
É com uma mistura de dor e revolta que venho aqui deixar registrado o meu sentimento de indignação pela violência desenfreada que tem assolado a nossa cidade. Não podemos mais nos calar diante do descaso das autoridades com a segurança de Santo Antônio de Jesus, especialmente após a tragédia que ocorreu no último fim de semana, onde seis pessoas foram feridas em um ataque covarde, e um jovem inocente, Kaique Bispo, perdeu a vida de forma brutal e desnecessária.
Kaique não era envolvido com o crime, não estava no “lugar errado” como muitos insistem em dizer. Ele era uma pessoa exemplar, amada pela comunidade, e sua única “falha” foi viver em uma cidade que virou sinônimo de violência e insegurança. Uma cidade onde as autoridades municipais parecem fechar os olhos para a nossa realidade, enquanto nós, cidadãos, continuamos sofrendo as consequências de um sistema falho, que nos deixa à mercê de criminosos.
O mais revoltante é que essa situação não é nova. Quem vive aqui sabe o que Santo Antônio de Jesus tem enfrentado nos últimos anos. Em 2022, ocupamos o vergonhoso 2º lugar entre as cidades mais violentas do Brasil. Foram 43 assassinatos só no primeiro semestre daquele ano, e apesar de uma aparente redução em 2023, quando os números caíram para 10 homicídios no mesmo período, ainda estamos lidando com uma realidade onde a vida perdeu o valor. Essa “melhora” nos números não significa que a segurança chegou às nossas ruas, e a morte de Kaique Bispo é prova disso.
Não é a primeira vez que vemos uma tragédia como essa, e, infelizmente, não será a última se as coisas continuarem como estão. Nosso bairro (São Benedito) parece ter sido esquecido pelas autoridades e pelo poder público. Onde estão os programas de segurança? Onde está o planejamento urbano que deveria trazer mais luz às nossas ruas, mais câmeras de vigilância nos locais de maior risco, mais presença policial nas áreas vulneráveis? Onde estão as políticas de prevenção ao crime que deveriam proteger nossas crianças e jovens de serem tragados pela criminalidade?
É inadmissível que, em uma cidade que já foi pacata, hoje estejamos constantemente temendo por nossas vidas. Os nossos direitos fudamentais estão sendo violados, o artigo 5º da Constituição Federal diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança (…).” Saímos de casa sem saber se voltaremos, perdemos o direito de ir e vir, a liberdade de locomoção é um direito fundamental amplo, assegurado a qualquer ser humano, mas diante a insegurança e a violencia, estamos como um pássaro que ficou preso dentro de uma gaiola . Os comércios estão fechando mais cedo, as praças, que antes eram cheias de vida, agora estão vazias, tomadas pelo medo. O sentimento de insegurança tomou conta de Santo Antônio de Jesus, e, enquanto isso, as autoridades fazem o quê? Nada!
A gestão municipal se mostra incapaz de enfrentar essa crise. Não há planejamento, não há ação concreta, e, pior, não há diálogo com a população. Nossas demandas são ignoradas, e o poder público parece viver em uma realidade paralela, enquanto nós lidamos com a tragédia todos os dias. Programas sociais que poderiam tirar nossos jovens das ruas, oportunidades de emprego, educação e lazer estão completamente fora da pauta. E a consequência disso é o que vimos: um jovem, promissor, perdeu sua vida em um ataque que nunca deveria ter acontecido.
Santo Antônio de Jesus está mergulhada em um caos de violência. Não adianta maquiar os números, reduzir algumas estatísticas aqui e ali, se na prática, nas ruas, nós não vemos mudança. Quantos Kaiques precisarão morrer para que alguma coisa seja feita?
É preciso lembrar que o município tem responsabilidades na área de segurança pública. A nossa cidade pode e deve investir em programas de prevenção à violência, melhorar a infraestrutura urbana, como iluminação e câmeras de vigilância, fortalecer a Guarda Municipal e, principalmente, promover ações que envolvam a comunidade na construção de soluções. O que temos, no entanto, é um total abandono.
As famílias de Santo Antônio de Jesus estão de luto, e não é só pela perda de Kaique. Estamos de luto por todas as vítimas da violência que já perderam suas vidas aqui. Estamos de luto por uma cidade que foi tomada pela criminalidade, enquanto os nossos governantes continuam de braços cruzados.
Essa situação não pode mais continuar! Nós, moradores, exigimos que as autoridades municipais, estaduais e federais se responsabilizem e ajam de maneira imediata e eficaz. Não queremos mais desculpas, não queremos mais promessas vazias. Queremos viver em paz, queremos caminhar pelas ruas sem medo, queremos voltar a acreditar que Santo Antônio de Jesus pode ser um lugar seguro para nós e para nossas famílias.
Não podemos permitir que a morte de Kaique Bispo seja só mais um caso no meio de tantos outros. Sua morte deve ser o ponto de virada, um alerta para todos. É hora de agir! Se o poder público continuar inerte, será nossa responsabilidade cobrar, se manifestar e não deixar que essa violência se torne a norma. Porque enquanto não houver mudanças, as próximas vítimas podem ser qualquer um de nós.
Chega de violência!”
Welington Guilhardi
F.Blog do Valente
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