De acordo com o boletim de ocorrência, os agentes flagraram um grupo de jovens fazendo manobras empinando motos na quinta-feira (6), no bairro Pae Cará. Inicialmente, o caso foi registrado como queda acidental, mas a Polícia Civil descobriu no hospital que o Ruan morreu com um tiro na cabeça, disparado por um PM que atuou na perseguição. O policial passou a ser investigado por homicídio.
A solenidade de encerramento da Operação Verão aconteceu na sexta-feira (7), também em Guarujá, e contou com a presença do alto comando da corporação. Durante o evento, o padrinho de Ruan, Luciano Santana, aproveitou para conversar com o Comandante Geral da PM, Coronel Cássio Araújo de Freitas, e pedir atenção ao caso que resultou na morte do motociclista.
"Queremos justiça. Então, a gente pede ao governador do Estado de São Paulo, ao capitão [secretário de Segurança Pública Guilherme] Derrite [...] para que seja feita justiça. Que isso não passe em branco para mais famílias não passarem por isso", disse o padrinho durante entrevista à TV Tribuna, afiliada da Globo.
Santana acrescentou que a morte do afilhado foi uma "covardia feita por um policial despreparado". Ele pediu ajuda das autoridades e disse acreditar que o caso não condiz com a realidade da polícia. "Matou o meu sobrinho e vem falar que a arma disparou. A gente não aceita isso", afirmou o padrinho.
Ainda durante a cerimônia, o Coronel Cássio informou que um inquérito policial militar foi instaurado para apurar o ocorrido. De acordo com ele, a corporação aguarda o laudo da perícia para tomar providências -- ainda não especificadas.
"A gente trabalha com transparência, com verdade. Tudo o que nós apurarmos, nós vamos divulgar para a população aqui do Guarujá e para a população da Baixada [Santista] também", afirmou o Coronel. Ele não comentou se o PM foi afastado das atividades.
A avó de Ruan, Lindinalva da Silva, também esteve no evento com a família e disse que o neto era um jovem maravilhoso, alegre e cheio de vida. "Espero que esse policial incompetente pague pelo o que fez porque ele tirou a vida de uma pessoa de 22 anos cheia de sonhos", destacou ela.
Por meio de nota, o governo do estado de São Paulo e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) informaram que as polícias Civil e Militar investigam todas as circunstâncias da morte. "A PM reforça que não compactua com excessos e desvios de conduta de seus agentes, e pune rigorosamente os que não respeitam as diretrizes da corporação", destacaram as pastas.
Entenda o caso
De acordo com o BO, os PMs flagraram um grupo de motociclistas fazendo manobras empinando motos durante a madrugada de quinta-feira (6), no bairro Pae Cará. Ainda segundo o registro policial, os suspeitos fugiram ao perceberem a aproximação dos agentes.
Conforme relatado pelos PMs, Ruan entrou pela Rua Waldemar Lopes Ferraz e a equipe passou a acompanhá-lo. No entanto, ao fazer a curva para entrar na via, o policial afirmou que a arma disparou "acidentalmente" fora da viatura.
Com isso, Ruan, que estava de capacete, se chocou com um carro que estava estacionado e caiu no chão. Consta no BO que, ao desembarcar da viatura e ver a gravidade de uma lesão na cabeça, a PM teria acionado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A primeira edição do BO informou que Ruan foi levado ao Hospital Santo Amaro. No entanto, já na noite de quinta-feira, um delegado atualizou o documento após ter recebido a informação sobre a morte do rapaz e a perfuração por arma de fogo -- fatos que não tinham sido comunicados à delegacia no registro da ocorrência.
O corpo tinha um ferimento resultado por uma lesão perfurante na região da têmpora esquerda. A partir dessas informações, a natureza do boletim de ocorrência foi alterada para incluir o crime de homicídio. O policial autor do disparo é investigado pela morte do motociclista.
F. G1
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