Aquele desconto que muitos aposentados notaram no extrato do INSS — sem nunca terem autorizado ou sequer saberem do que se tratava — agora tem uma resposta. A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram, nesta quarta-feira (23), uma operação nacional para desarticular um esquema bilionário de fraudes envolvendo benefícios previdenciários.
Estima-se que esse golpe começou a ser aplicado com a ampliação da prova de vida por biometria facial, realizada por meio de aplicativo.
Os relatos eram frequentes: aposentados procuravam agências do INSS, ligavam para rádios como a Andaiá FM e buscavam ajuda até aqui no Blog do Valente, tentando entender por que estavam tendo valores entre R$ 30 e R$ 60 descontados mensalmente. Muitos acreditavam se tratar de empréstimos ou taxas bancárias, mas, na verdade, os valores estavam sendo desviados por entidades sindicais desconhecidas, que nunca prestaram qualquer serviço real e tampouco tinham autorização formal dos beneficiários.
Segundo as investigações, essas entidades aplicavam mensalidades associativas de forma irregular, comprometendo a renda de aposentados e pensionistas. A fraude já soma prejuízos estimados em R$ 6,3 bilhões.
Durante a operação, foram cumpridos 211 mandados de busca e apreensão, seis mandados de prisão temporária e ordens de bloqueio de bens que ultrapassam R$ 1 bilhão. Seis servidores públicos foram afastados, incluindo o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e o procurador-geral do órgão, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho.
Outros nomes ligados à cúpula do INSS também foram atingidos pelas medidas:
•Giovani Batista Fassarella Spiecker (coordenador de Atendimento);
•Vanderlei Barbosa dos Santos (diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão);
•Jacimar Fonseca da Silva (coordenador de Pagamentos e Benefícios).
Um agente da Polícia Federal lotado no Aeroporto de Congonhas, também afastado, estaria dando suporte ao esquema.
O presidente afastado, Stefanutto, é servidor de carreira do INSS desde 2000 e foi indicado ao cargo pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi. Ele substituiu Glauco Wamburg, exonerado em 2023 por uso indevido de passagens e diárias.
As investigações seguem para identificar a estrutura completa do esquema e garantir a responsabilização dos envolvidos.
F. Blog do Valente
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