Na sentença, ao qual a Coluna teve acesso com exclusividade, o magistrado pontua que “os laudos técnicos demonstram os danos psicológicos sofridos pela vítima em decorrência dos abusos, consubstanciando os ‘resquícios indeléveis do crime - o trauma que a vítima levará para a vida inteira’, conforme bem apontado nos autos”.
O juiz destaca que “a negativa de autoria apresentada pelo acusado não encontra respaldo no conjunto probatório, uma vez que a vítima confirmou, sem dúvidas, ter sido abusada sexualmente no interior do Colégio Adventista”. “Ademais, não restou demonstrado nos autos que a vítima, ou outras pessoas próximas (sua genitora), ou as testemunhas, tivessem qualquer interesse em prejudicar injustamente o réu”. À época em que o caso veio à tona, a ex-aluna relatou à polícia e à Justiça que os abusos ocorreram entre 2016 e 2018, período em que ela cursava o 6º e o 7º ano do ensino fundamental na unidade. Ela disse que teve as partes íntimas tocadas por Natanael Borges nos corredores da escola e na própria sala de aula.
Após o escândalo, a Rede de Educação Adventista, que adota um ensino baseado em princípios bíblicos e atua há mais de 120 anos no Brasil com educação infantil ao ensino superior, informou que demitiu o professor. Logo depois, Natanael foi para Portugal, França, Espanha e Canadá. Fontes ligadas à instituição dão conta de que as viagens teriam sido bancadas pela rede como forma de afastá-lo dos holofotes, evitando assim a exposição da instituição.
A Coluna procurou a assessoria de comunicação da Igreja Adventista em Salvador e Região Metropolitana. Em nota, a Escola Adventista de Paripe informa que, "à época dos fatos envolvendo um ex-funcionário desta unidade, todas as providências cabíveis foram tomadas prontamente". "Oferecemos total apoio à vítima e sua família, o profissional foi imediatamente afastado e, após apuração interna, desligado de suas funções. Desde então, a escola tem colaborado integralmente com as autoridades competentes e permanece à disposição para contribuir em qualquer necessidade atual ou futura", diz a nota.
Em relação às viagens feitas por Natanael Borges terem sido custeadas pela Rede de Educação Adventista, a assessoria informou, por mensagem de texto, que "não procede de forma alguma". "A Igreja Adventista do Sétimo Dia não custeou qualquer viagem, nacional ou internacional, para o ex-funcionário Natanael Borges após seu desligamento. Também não houve qualquer tipo de apoio ou ação com o objetivo de afastá-lo dos holofotes, ou proteger sua imagem".Leia a nota na íntegra:
NOTA OFICIAL
CASO ENVOLVENDO EX-FUNCIONÁRIO DA ESCOLA ADVENTISTA DE PARIPE
A Escola Adventista de Paripe informa que, à época dos fatos envolvendo um ex-funcionário desta unidade, todas as providências cabíveis foram tomadas prontamente. Oferecemos total apoio à vítima e sua família, o profissional foi imediatamente afastado e, após apuração interna, desligado de suas funções. Desde então, a escola tem colaborado integralmente com as autoridades competentes e permanece à disposição para contribuir em qualquer necessidade atual ou futura.
Diante das informações veiculadas, a escola reafirma seu compromisso com um Plano de Ensino que promove, de forma contínua, ações de prevenção e conscientização contra toda forma de violência e abuso. Reiteramos nosso repúdio a qualquer atitude que viole a dignidade humana e reforçamos nosso compromisso com o cuidado integral de crianças, adolescentes e suas famílias.
Escola Adventista de Paripe (EAP)
Rede Adventista de Educação
Salvador, Bahia
09 de maio de 2025
F. Correio 24 hs
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