Marcione Souza de Oliveira, de 44 anos, se tornou réu na Justiça acusado de matar Jackeline Liliane dos Santos, de 28 anos, grávida de três meses. Segundo o Ministério Público do Paraná, o crime foi motivado pela recusa do réu em aceitar a paternidade e pelas consequências que isso traria, como pagamento de pensão e a perda de chances de reatar com a ex-esposa.
O corpo de Jackeline foi encontrado em uma trilha de difícil acesso, próxima ao Salto das Orquídeas, em Sapopema (PR), no dia 27 de abril. Inicialmente, Marcione afirmou à polícia que a vítima havia caído e batido a cabeça, mas laudos periciais indicaram marcas de violência incompatíveis com um acidente.
O MP denunciou Marcione por feminicídio qualificado, por motivo torpe e dissimulação, além de fraude processual, aborto e tentativa de aborto. Somadas, as penas podem chegar a 50 anos de prisão. O órgão também pediu a realização de exame de DNA para confirmar a paternidade do embrião e outro exame toxicológico para investigar se a vítima foi drogada em uma suposta tentativa de interromper a gestação semanas antes do crime.
De acordo com a promotoria, o réu premeditou a morte e teria escolhido o local da trilha propositalmente para simular um acidente. Testemunhas contaram que, durante o passeio em grupo, ele pediu para os amigos irem na frente, a fim de ficar a sós com Jackeline. Logo depois, a grávida foi encontrada morta.
A Justiça converteu a prisão em flagrante do empresário em preventiva. Em sua decisão, a juíza Taís Silva Teixeira afirmou haver “prova inequívoca de materialidade e indícios de autoria”, além de ressaltar que o crime teria sido premeditado. “O acusado insistiu em levar a vítima ao local onde poderia simular um acidente fatal”, destacou.
O delegado Angelo Dias, responsável pelo caso, afirmou que Marcione chegou a admitir estar preocupado com os custos da paternidade, afirmando que uma eventual pensão poderia “levá-lo à falência”. A ex-esposa dele também prestou depoimento e confirmou que estava separada informalmente do réu há dois anos, mas ele tentava reatar o relacionamento. Ao saber da possível gravidez de Jackeline, ela disse que não queria mais qualquer reconciliação.
A denúncia também inclui um pedido de indenização de R\$ 300 mil à família da vítima por danos materiais e morais. O advogado de defesa de Marcione, Silvano Cardoso Antunes, nega que tenha havido crime e insiste na versão de que tudo não passou de um acidente.
O caso gerou comoção no Paraná e acendeu o alerta para o crescente número de feminicídios ligados à recusa da paternidade e ao controle masculino sobre os corpos das mulheres.
F. FA NOTÍCIAS
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