segunda-feira, dezembro 22, 2025

Polícia conclui inquérito e confirma feminicídio de comerciante em Periperi


A Polícia Civil da Bahia concluiu a investigação sobre o desaparecimento de Fabiana Correia Cardoso, de 43 anos, ocorrido em setembro deste ano, no bairro de Periperi, em Salvador. O inquérito confirmou que a vítima foi assassinada e teve o corpo ocultado, caracterizando os crimes de feminicídio e ocultação de cadáver. O caso foi encaminhado ao Tribunal do Júri, com dois investigados presos preventivamente.

A apuração foi conduzida pela Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP), unidade vinculada ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Mesmo sem a localização do corpo, a Polícia Civil conseguiu reconstituir a dinâmica do crime a partir de provas técnicas, perícias e diligências de campo.

Segundo a diretora do DHPP, Lígia Nunes de Sá, a investigação exigiu rigor técnico diante da ausência de testemunhas presenciais e de restos mortais. “Foi necessário reconstruir a dinâmica a partir de provas indiretas, perícias e das contradições apresentadas pelos investigados”.

As investigações tiveram início após familiares registrarem um boletim de ocorrência em 15 de setembro, relatando o desaparecimento de Fabiana. O último contato com a vítima havia ocorrido no dia 11 do mesmo mês, fato considerado incomum. Diante de indícios de que não se tratava de um afastamento voluntário, o inquérito policial foi instaurado em 30 de setembro.

Durante as apurações, a autoridade policial solicitou a prisão de dois homens, ambos de 23 anos. O primeiro, ex-companheiro da vítima, foi preso temporariamente em 21 de outubro. O segundo, primo dele, foi localizado e detido em 5 de novembro, no bairro de Narandiba. Posteriormente, as prisões temporárias foram convertidas em prisões preventivas, por decisão judicial proferida em 18 de dezembro. Os dois seguem à disposição da Justiça.

Relembre o crime

De acordo com a investigação, Fabiana foi morta no próprio estabelecimento comercial, um mercadinho de sua propriedade, por volta das 18h do dia 11 de setembro. Ela mantinha uma sociedade com o ex-companheiro, vínculo que continuou mesmo após o fim do relacionamento.

O primo do ex-companheiro passou a frequentar o local semanas antes do crime, prestando serviços no estabelecimento. Após a prisão, os dois apresentaram versões divergentes sobre os fatos, tentando atribuir responsabilidades um ao outro, mas os relatos não se sustentaram diante das provas técnicas reunidas.

O delegado André Carneiro, responsável pelo inquérito, explicou que a cronologia dos acontecimentos só foi definida após uma análise integrada de depoimentos, diligências e laudos periciais.

“As versões apresentadas pelos investigados foram sendo desconstruídas à medida que as provas técnicas avançavam, permitindo a reconstrução precisa da dinâmica criminosa”.

Mesmo sem a localização dos restos mortais, a Polícia Civil conseguiu comprovar a materialidade do crime. A perícia identificou o perfil genético de Fabiana em duas facas utilizadas no local, além de vestígios de sangue feminino em um freezer, onde o corpo teria sido mantido após o homicídio.

Os investigados relataram, em depoimento, que após o crime o corpo foi mantido no freezer e, posteriormente, colocado em um tonel azul. Houve ainda tentativas de destruição dos vestígios com o uso de substâncias químicas e fogo.

No dia 13 de setembro, o tonel foi levado para um imóvel no bairro de Mussurunga, onde funcionava uma hamburgueria pertencente ao ex-companheiro da vítima. No local, os restos mortais teriam sido queimados por horas. Já no dia 14, os resíduos foram descartados em um container público.

O delegado André Carneiro ressaltou que a ausência do corpo não impede a responsabilização criminal quando há provas robustas.

“Mesmo diante da tentativa deliberada de destruição de vestígios, as provas técnicas reunidas demonstram de forma inequívoca a ocorrência do homicídio e as ações posteriores voltadas à ocultação do cadáver”.

Encaminhamento à Justiça

Com a conclusão do inquérito, os dois investigados foram indiciados por feminicídio e ocultação de cadáver, e o caso foi encaminhado ao Poder Judiciário. Para a diretora do DHPP, o desfecho representa uma resposta do Estado diante da gravidade do crime.

“É uma resposta firme do Estado a um crime extremamente grave. O trabalho da equipe demonstra que, mesmo diante de tentativas de ocultação, a investigação técnica é capaz de reconstruir os fatos e responsabilizar os autores”.


 A TARDE 

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