O ano de 2025 foi marcado por uma escalada da violência sem precedentes na Bahia. Crimes brutais, ataques armados, feminicídios, sequestros e execuções tornaram-se rotina em Salvador, Região Metropolitana e interior do estado.
O cenário é confirmado por dados oficiais: segundo o Atlas da Violência, a Bahia está entre os estados mais violentos do Brasil, superando unidades federativas maiores e mais populosas, como São Paulo e Rio de Janeiro, tanto em números absolutos quanto em taxas de homicídio.
O Informe Baiano acompanhou de perto os episódios mais chocantes do ano. Veja, mês a mês, os casos que ajudam a explicar por que a Bahia vive uma das piores crises de segurança pública do país.
JANEIRO – O ano começou com barbárie. O primeiro mês de 2025 já deu o tom do que viria pela frente. Um gerente do tráfico, suspeito de matar um jovem no bairro do Trobogy, foi esquartejado. O crime revelou o nível de brutalidade e a lógica de “justiça paralela” imposta por facções criminosas.
Já o turista Keizo Oguma, que visitava Salvador ao lado da esposa, a influenciadora Amanda Sayuri, chamou a atenção nas redes sociais ao tomar uma atitude incomum. Preocupado com a presença de facções e seus símbolos, Keizo decidiu editar suas fotos antes de publicá-las.
FEVEREIRO – Feminicídio e tribunal do crime. Um feminicídio na Chapada do Rio Vermelho ganhou contornos ainda mais graves quando traficantes passaram a agir como juízes, punindo e executando pessoas. O Estado, mais uma vez, ficou à margem.
MARÇO – O mês foi marcado pela morte de 12 bandidos em confronto com a Polícia Militar em Fazenda Coutos 3, um dos episódios mais letais do ano. O caso chocou a população e reforçou a percepção de que bairros inteiros vivem sob domínio do crime organizado.
ABRIL – Fuzis nas ruas e pânico coletivo. Foi um dos meses mais violentos de 2025:
•Traficantes armados com fuzis atacaram em Cajazeiras e obrigaram a PM a recuar;
•Tiros, assalto e atropelamento na Avenida Pinto de Aguiar;
•Tiroteio pesado e mortes em São Marcos.
MAIO – Um policial foi baleado durante um tiroteio em frente ao Atakarejo de Patamares, gerando pânico entre clientes e trabalhadores. Imagens da correria em uma das avenidas mais importantes da capital viralizaram nas redes sociais. A violência extrapolou os limites das periferias e atingiu áreas de grande circulação.
JUNHO – Sequestro e esquartejamento. Em Eunápolis, uma jovem foi morto em possível retaliação após um homicídio em uma loja de conveniência.
Em Salvador, um intenso tiroteio no Cabula levou à cena comum em 2025: “Ninguém sobe, ninguém desce”.
JULHO – Ataques diretos ao Estado. O crime organizado mostrou força ao atacar uma unidade da PM no município de Camamu. Na Engomadeira, em Salvador, um delegado e outras duas pessoas foram baleadas, evidenciando que nem autoridades estão fora da linha de fogo.
AGOSTO – Feminicídio choca Salvador. Um advogado matou a companheira em Monte Serrat e morreu em seguida. O caso expôs, mais uma vez, a gravidade da violência doméstica e o perfil cada vez mais diverso dos autores dos crimes.
No bairro de Stella Maris, em Salvador, um bandido tentou assaltar uma viatura descaracterizada da Casa Militar do governador Jerônimo Rodrigues (PT). Durante a ação, ele disparou contra os policiais, que reagiram.
SETEMBRO – Execuções ligadas às redes sociais. A blogueira Kakay Brito foi assassinada no Lobato após postar conteúdo envolvendo um suposto integrante do BDM.
No mesmo mês, o caso de Caíque, morto por uma policial com um tiro pelas costas em São Marcos, ganhou repercussão nacional após a frase: “Tia, por favor, não me mate”.
Outro caso chocante foi o ataque atribuído a uma torcida organizada do time do Bahia que quase resulta em morte no bambuzal do Aeroporto de Salvador. Um motorista por aplicativo e seus passageiros foram roubados e o veículos Renault Kwid ficou com a parte traseira completamente destruída.
OUTUBRO – Um ataque em Itinga deixou três mortos e um baleado, reforçando a sequência de execuções múltiplas que marcaram o ano.
NOVEMBRO – Crime e política. O assassinato do vereador Gleiber Júnior, em Santo Amaro, mostrou que a violência também alcança o meio político.
No Nordeste de Amaralina, o sequestro da nutricionista e influenciadora Tâmara terminou com cinco integrantes do CV mortos em confronto.
DEZEMBRO – O símbolo do colapso. O ano terminou com um dos crimes mais emblemáticos de 2025: três operadores de internet foram sequestrados, torturados e executados no Alto do Cabrito.
No Engenho Velho da Federação, o CV ordenou o fechamento de estabelecimentos após reclamação dos comerciantes sobre o aumento do “pedágio”, escancarando o controle territorial das facções.
BAHIA ENTRE OS ESTADOS MAIS VIOLENTOS DO PAÍS
De acordo com o Atlas da Violência, a Bahia figura entre os estados com maior número de homicídios no Brasil, superando São Paulo e Rio de Janeiro, que possuem populações maiores. O levantamento aponta que jovens, moradores de periferias e trabalhadores são as principais vítimas, em um cenário de fragilidade do Estado, avanço das facções e ausência de políticas eficazes de prevenção.
A sequência de crimes em 2025 não deixa dúvidas: a violência na Bahia deixou de ser episódica e se tornou estrutural.
F.IB

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