A menina foi atingida na cabeça e não resistiu aos ferimentos. O pai, ferido de raspão, e a mãe, grávida de oito meses, que sofreu cortes provocados por estilhaços de vidro, foram encaminhados a hospitais da região. Ambos passam bem fisicamente, mas enfrentam um trauma emocional profundo. A bisavó de Alice, Antônia Santos de Jesus, de 77 anos, desfez-se em lágrimas ao se despedir da que chamava de “minha princesa”. “Ela era minha vida. Era esperta, sabida, a alegria da casa. Todo mundo aqui amava aquela menina. Agora só me resta pedir justiça. Não podemos deixar que bandidos continuem matando crianças inocentes assim”, afirmou, com a voz embargada. O sentimento de revolta também tomou conta da tia da criança, Marlene José Gil. “Foi uma tarde de terror. Eles só queriam curtir um domingo em família, e virou pesadelo. Quantas Alices vão morrer até o Estado tomar uma atitude? Quantas mães vão sofrer assim antes de termos segurança de verdade?”, questionou.
A prima de Alice, Jéssica Gil, atualizou o estado de saúde da mãe da menina. “Ela está sendo acompanhada de perto pela equipe médica, principalmente por causa da gravidez. Mas a dor é indescritível. A gente não tem palavras para expressar o que estamos sentindo. É um vazio imenso”, disse. Apesar do choque e da tristeza, a família aguarda com expectativa os desdobramentos do caso. Na segunda-feira (25), o secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, Leonardo Damasceno, confirmou a prisão de seis suspeitos ligados ao ataque. As investigações seguem em andamento, com apoio de forças-tarefa especializadas. O caso de Alice reacende o debate sobre a violência urbana e a exposição de civis em meio a conflitos entre grupos criminosos. Moradores de regiões como Carapebus cobram mais presença do Estado e políticas de segurança que protejam não apenas as fronteiras do tráfico, mas, sobretudo, as vidas dos que nada têm a ver com o crime. Enquanto isso, em Teixeira de Freitas, uma pequena cidade que agora carrega uma dor gigantesca, o nome de Alice começa a ecoar como símbolo de uma infância interrompida e de um grito por proteção que não pode mais ser ignorado.
F. Blog do Marcelo
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