quinta-feira, outubro 23, 2025

Em entrevista à rádio Conquista FM, delegado da PF Rodrigo Kolbe detalha Operação Intercessor


Uma operação conjunta entre a Polícia Federal (PF) e a Controladoria-Geral da União (CGU) expôs um esquema sofisticado de corrupção que desviou quase R$ 14 milhões dos cofres públicos de Poções, no sudoeste da Bahia, com desdobramentos diretos no município vizinho de Encruzilhada. Os detalhes foram revelados em entrevista à Rádio Conquista FM pelos responsáveis pela investigação: o delegado federal Rodrigo Kolbe e o auditor da CGU, Dr. Antônio Lázaro.

Segundo apurado pelo Blog do Marcelo, o esquema teve início com um contrato de terceirização de mão de obra firmado entre a Prefeitura de Poções e uma empresa sediada em Barreiras, que, segundo a PF, sequer tinha estrutura técnica ou financeira para cumprir o serviço. A suspeita surgiu quando auditorias identificaram irregularidades em três dos sete contratos analisados desde 2023 — sendo o mais grave aquele que, inicialmente orçado em R$ 4 milhões, saltou para quase R$ 18 milhões com prorrogações consideradas “ilícitas e ilegais”. Assista a íntegra da entrevista no programa Conquista Meio-Dia, da Rádio Conquista FM:

O dinheiro desviado não permanecia em Poções. Parte significativa dos recursos foi canalizada para Encruzilhada, onde foi lavada por meio de transferências a pessoas físicas e jurídicas — muitas delas ligadas diretamente ao prefeito local. “Ele foi alvo da operação não por sua atuação administrativa, mas por estar vinculado a transações ilícitas envolvendo parentes próximos”, esclareceu Kolbe.

A sofisticação do esquema impressionou os investigadores. Para evitar a detecção pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), os responsáveis pelo esquema realizavam saques semanais de exatos R$ 49.950,00 — valor estratégico, já que qualquer movimentação igual ou superior a R$ 50 mil aciona automaticamente mecanismos de monitoramento. “Eles pensaram até nisso”, destacou o delegado.

Curiosamente, os saques não eram feitos por funcionários da empresa de Barreiras, mas por moradores de Encruzilhada, reforçando a tese de uma rede organizada de lavagem de dinheiro. Além disso, a CGU constatou que os trabalhadores contratados eram registrados como Microempreendedores Individuais (MEI), uma manobra para burlar obrigações trabalhistas previstas na licitação original. Apesar de não ter havido bloqueio de contas bancárias, a operação resultou na apreensão de bens de alto valor, incluindo veículos BMW localizados em um condomínio de luxo em Vitória da Conquista. Esses ativos deverão ser leiloados para ressarcir parte do prejuízo aos cofres públicos.


O delegado Kolbe adiantou que a Operação Intercessor está longe de terminar. Documentos apreendidos indicam que o mesmo modus operandi pode ter sido replicado em outros municípios da região Sudoeste. Todo o material será encaminhado ao Ministério Público Federal para análise e possíveis denúncias.

F; BLOG DO MARCELO 

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