O vigia Dhemis Augusto Santos, de 35 anos, morto a tiros dentro de um shopping em Palmas (TO), havia deixado Sergipe e passado pela Bahia antes de chegar ao Tocantins em busca de oportunidade. Há cerca de um ano na capital, ele tentava recomeçar a vida. Entre os planos estavam tirar a carteira de motorista, comprar um carro e alcançar a estabilidade financeira pela qual vinha lutando.
Segundo Edmilson dos Santos, responsável pela empresa terceirizada que presta serviço ao shopping, Dhemis chegou a Palmas sem ter onde morar e passou quatro dias dormindo no escritório até encontrar um local fixo. “Ele me transmitiu confiança, paz.
Não tinha onde ficar e deixamos ele no escritório. Conseguimos uma kitnet para ele, pagamos aluguel, água e luz. Ele começou a se estabilizar pelo esforço, pela coragem. Comprou seus móveis, demos uma geladeira e ele foi montando tudo. Era uma pessoa tranquila, educada, que tratava todo mundo bem”, disse Edmilson ao G1.Discussão no estacionamento terminou em morte
A investigação é conduzida pela 1ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (1ª DHPP). O crime ocorreu após uma discussão no estacionamento do shopping. Dhemis teria advertido o motorista de uma Range Rover Evoque por causa de uma parada irregular.
Imagens das câmeras internas registraram toda a sequência: a troca de palavras, o momento em que o motorista saca a arma da cintura, aponta para o rosto do vigia e, em seguida, atira na barriga da vítima. Mesmo após o disparo, o agressor ainda faz ameaças. Dhemis chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Geral de Palmas (HGP), mas não resistiu.
Suspeito está foragido
O atirador foi identificado como Waldecir José de Lima Júnior, de 40 anos. Após o crime, o veículo dele foi encontrado na casa onde mora, na região central de Palmas. O carro estava coberto com uma lona. Policiais entraram no imóvel, que tinha luz acesa e janela aberta, mas Waldecir não estava no local. Munições foram apreendidas.
A Justiça decretou a prisão preventiva do suspeito, e a Polícia Civil divulgou um cartaz de procurado. Segundo a TV Anhanguera, Waldecir possui registro de Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC). Esse tipo de registro não autoriza porte de arma em via pública, apenas transporte para treinos e competições. Para portar arma, seria necessária autorização específica da Polícia Federal.
O suspeito já respondeu a um processo por porte ilegal. Em 2013, foi flagrado armado em uma churrascaria e chegou a se identificar como policial civil para evitar a revista. Ele foi condenado a dois anos de prisão em regime aberto, pena convertida em 729 horas de serviços comunitários.
Procurado, o advogado de Waldecir, Zenil Drumond, afirmou à TV Anhanguera que o cliente pretende se apresentar, mas ainda sem prazo definido. “Neste momento ele não se sente seguro devido à grande repercussão e ao clamor social. Ele será apresentado no momento adequado”, afirmou.
O advogado disse ainda que o suspeito fazia uso de medicação controlada. “Ele cometeu uma fatalidade, está muito arrependido. Teve uma crise, toma medicação, estava em surto. Vamos resguardar o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal para que tudo seja esclarecido”, declarou.
F.IB

Nenhum comentário:
Postar um comentário